Durante entrevista ao radialista Roque Santos no programa Linha Quente, a vereadora professora Angélica fez um balanço de seu mandato em 2023. Disse que acompanhou a realização de obras de sua autoria e fiscalizou o trabalho do executivo cumprindo seu papel de legisladora. “No início do mandato as pessoas não estavam muito acostumadas com a fiscalização; tanto que sofri muito, diziam: – vereadora não fiscaliza. E digo, que por meio destas fiscalizações o trabalho cresceu”, enfatizou.
A entrevista que nasceu com a perspectiva política, foi tomada pela emoção da história da vereadora, mulher, negra, ex-empregada doméstica e faxineira, que ainda jovem, veio do interior em busca de dias melhores em Camaçari.
“Andava 3km para pegar água com a lata na cabeça na localidade de São Sebastião do Passé. Aqui quando cheguei fui empregada doméstica e depois fui trabalhar na limpeza, ao sair recebi três mesas e seis cadeiras foi quando comecei a empreender”, lembra a vereadora detalhando ainda “que na época, trabalhava de limpeza na escola D. Pedro em um período e no outro estudava magistério na Escola Normal”.
Ao ser perguntada como começou a empreender, disse que iniciou de maneira simples, mas determinada em vencer ao lado dos filhos.
“Ao sair do emprego de limpeza com as três mesas e seis cadeiras montei um reforço escolar na garagem da casa de minha mãe na rua 10ª do Parque no bairro da Gleba B. E na época, o senhor Maurino, que tinha três filhos comigo [na banca] fez uma proposta de ao invés da mensalidade ele me passaria um terreno, a partir dai montei a escola Menino Jesus e fiz uma aliança com Deus: com a renda da banca ajudaria a comunidade,” revela.
Entre os projetos e comunidades beneficiados estão: Igreja Evangélica a Voz da Esperança com salas de aula no Bairro da Gleba B; professora Raimunda na Lama Preta, na Gleba H; em Areias por meio do pastor Leonidas. “Os pais dos alunos do CEB [Centro Educacional Bitencourt], muitos são empresários e nos ajudam muito. com o apoio deles, a gente criou o Programa Primeira Guia destinado para mulheres, mães negras. E continuamos trabalhando. Para honra e Glória de Deus me tornei empresária e hoje temos três unidades de ensino” agradece.
Mãe solo de três filhos
Com os olhos lacrimejando a vereadora não conteve a emoção ao lembrar do momento difícil que passou ao lado dos três filhos. “Fui mãe solo quando meus filhos ainda eram pequenos. Tive o meu caçula prematuro de cinco meses no Hospital Geral. Era difícil porque precisava cuidar dele no hospital e dos outros que estavam em casa e ainda tocar a escola. Minha filha, a Thais de apenas 11 anos estava ali o tempo todo me ajudando, ela não teve infância e desde cedo batalhou junto comigo. Ela foi meu porto seguro”, recorda a vereadora.
O radialista Roque Santos também não conteve a emoção e o sentimento de orgulho de conhecer a história da vereadora. “Esse tipo de história da professora Angélica precisa ser bastante exaltada porque, eu já vivenciei momentos difíceis e sei que de fato a gente pensa em desistir; a professora certamente viveu momentos que pensou em desistir e não desistiu e quando a professora compartilha essa história vencedora; essa história faz com que outras pessoas também não desistam”, enfatizou.
“Toda vez que lembro de tudo que passei me emociono. Mas primeiramente a minha fé que fez toda a diferença e depois a educação”, pontua Angélica.
A Professora Angélica (PP) exerce seu primeiro mandato de vereadora e é um dos principais nomes cogitados a ser vice-prefeita de Flavio Matos (União), pré-candidato a sucessão do prefeito Elinaldo.
Carluze Barper -Jornalista
