Modelo híbrido é preferência entre colaboradores e executivos, aponta estudo

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A Escola de Administração de Empresas de São Paulo (FGV EAESP), em parceria com o PageGroup e a PwC Brasil, realizou uma pesquisa sobre “Modelos de trabalho pós-pandemia, mais flexibilidade, empatia e produtividade”. O estudo visa investigar quais são as preferências e as expectativas das pessoas, em relação à volta ao trabalho presencial. Os principais setores pesquisados foram a indústriaconsultoriafinanças, saúde, educação, tecnologia, serviços, transportes, construção e comércio. A análise dos resultados foi conduzida pelo diretor do Mestrado Executivo em Administração (MPA) da FGV EAESP, Paul Ferreira.

Segundo a pesquisa, ao analisar os diversos modelos de trabalho para receber suas equipes de volta ao escritório, os colaboradores querem uma experiência renovada, mais participativa e com a volta das interações presenciais. Por outro lado, não desejam perder a flexibilidade que conquistaram, o que na visão deles, impulsionou o crescimento profissional.

O estudo contou com a colaboração de 289 executivos e 633 colaboradores, sendo 80% localizados no Sudeste. Entre eles foram considerados “Executivos” os “profissionais que ocupam posição C-Level”. Já os “Colaboradores” são os profissionais de outras funções, como assistentes, analistas, coordenadores e gerentes. Em média, 10 anos mais jovens do que os executivos: a geração X predomina entre Executivos e a Y entre colaboradores.

Colaboradores querem mais flexibilidade

  •  71% dos respondentes tem expectativas de mudanças no ambiente de trabalho rumo à informalização ou à flexibillização 
  •  25% acreditam que algumas regras devem se tornar mais flexíveis 
  • – 30% avaliam que o escritório do futuro deve se tornar mais informal e as regras devem ser mais flexíveis. Esse percentual é quase o dobro do registrado para os executivos

A liderança está preparada?

Os executivos, embora reconheçam os ganhos de produtividade do trabalho remoto, se mostram mais cautelosos em relação a mudanças em termos de flexibilidade. Isso se dá, possivelmente, por temerem os impactos dos novos arranjos, para o bem-estar da força de trabalho e a retenção de talentos a longo prazo, além da capacidade de sustentar os índices de produtividade e o impulso inovador.

  •  72% dos executivos acreditam que a liderança se adaptou ao trabalho remoto (ativa ou passivamente). 
  • – 61% acham que é mais difícil alinhar os interesses da equipe com uma liderança remota. Nas empresas onde a adaptação da liderança ao trabalho remoto foi maior, os executivos tendem a concordar menos com essa afirmação. 

Modelo híbrido é a preferência

A pesquisa é focada nos temas de geração e gênero. As mulheres tendem a preferir os modelos mais remotos de trabalho, como home office integral e regimes híbridos com apenas 1 ou 2 dias presenciais na semana. Entretanto, tanto colaboradores como executivos apontam sua preferência pelo regime híbrido, com um ou dois dias por semana no escritório, como o melhor para a empresa maximizar a produtividade do seu pessoal.

Um possível motivo para essa preferência é o fato de 78% das mulheres relatarem poder realizar todas ou quase todas as suas tarefas em home office, em comparação com 59% dos homens. Em termos geracionais, os mais jovens são os que mais preferem regimes totalmente remotos.

A percepção dos participantes sobre sua produtividade é diferente conforme o gênero. A maioria das mulheres relata ser, significativamente, mais produtiva em home office em comparação com os homens, principalmente entre as da geração Z (entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010).

O fenômeno pode estar relacionado ao fato de as mulheres relatarem trabalhar mais horas do que os homens em regime de home office, ou seja, a produtividade delas pode estar sendo obtida às custas de excesso de trabalho.

Home office trouxe uma percepção de carga maior de trabalho

Em relação a como os colaboradores lidam com a flexibilidade, não há diferenças significativas entre homens e mulheres no contexto de colaboradores. Porém, se observa uma diferença mais acentuada de gênero no contexto executivo, em especial quando reportam que “trabalham menos” ou “trabalham mais de 4 horas extras por semana”.

Embora atraente para os colaboradores, o modelo de trabalho flexível em home office trouxe para eles uma carga maior de trabalho, o que pode acarretar problemas de saúde e baixa produtividade a longo prazo. Em grande parte, o ganho de produtividade relatado nesse regime foi conquistado graças à incorporação ao horário de trabalho do tempo que era gasto no deslocamento até a empresa.

De acordo com a pesquisa, essa realidade mostra que será cada vez mais difícil manter ou ampliar no futuro os índices de produtividade. O problema já começa a ser sentido por muitas empresas, que relatam o aumento de casos de esgotamento físico e mental durante a pandemia. Uma hipótese é que a visão mais conservadora dos executivos seja um reflexo disso.

Benefícios do Regime Híbrido

1- Anulação do tempo de deslocamento

2- Mais flexibilidade de horário

3- Poder trabalhar de casa

4- Estar perto da família

5- Mais liberdade nas atividades cotidianas

6- Mais dedicação a projetos pessoais

Fatores que mais prejudicam o home office

  • – Falta de contato adequado com as equipes
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  • – Dificuldade de acesso à empresa
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  • – Ansiedade, preocupações ou falta de motivação
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  • – Outros membros da família que moram no mesmo ambiente
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  • – Infraestrutura ou local inadequado em suas casas
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  • – Distrações pessoais como celular e redes sociais
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  • – Necessidade de acesso e manipulação de documentos físicos
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  • – Comunicação precária com o gestor direto
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As mulheres apontam, em grande parte, não ter tido sua produtividade influenciada por fatores negativos, mas mencionam como maiores dificuldades, a falta de contato com a equipe e a ansiedade, preocupação ou falta de motivação. Já os homens citam, além da falta de contato, dois aspectos mais práticos: a dificuldade de acesso a sistemas e a inadequação à infraestrutura doméstica.

Segundo o professor Paul Ferreira, os dados mostram que os CEOs podem estar identificando que o ganho de produtividade pode não ter sido obtido de forma saudável, pois pessoas talvez não tenham suporte adequado em casa para colocar limites entre as questões pessoais e profissionais. “Eles se perguntam até que ponto o excesso de flexibilidade é sustentável, pois traz riscos no longo prazo para o bem-estar das equipes, a retenção de talentos, a produtividade da empresa e sua capacidade de inovação”, apontou o pesquisador.

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