Em entrevista ao Camaçari Alerta, o procurador da Incorplan, João Caetano Poli, revelou que pelo tamanho do empreendimento a ser realizado na região de Arembepe, foi pedido pelo grupo comandado pela secretária da Sedur de Camaçari, Juliana Paes, propina “na faixa de R$ 1,milhão de reais”, para facilitar o projeto imobiliário da empresa.
Ao ser indagado sobre quem ficou responsável em pedir a propina, ele disse que “prefere revelar em juízo” pois tem medo de represália.
Poli pontuou que para a obtenção da quantia ilícita os integrantes usavam o nome do prefeito de Salvador ACM Neto e do Deputado Federal, Paulo Azi, que concorrem respectivamente ao cargo de Governador do Estado e o outro a reeleição.
“Era dito pelos integrantes dentro da própria Sedur que o dinheiro iria ajudar na campanha de ACM NETO e PAULO AZI” confirma acrescentando que, o uso dos nomes dos referidos políticos para obtenção da propina “era sabido por outras empresas que também fizeram a denúncia junto ao Ministério Público”.
Apesar das imposições envolvendo os políticos, o representante da Incorplan diz que certamente, eles (ACM Neto e Paulo Azi) não tem conhecimento deste fato e que “usavam o nome dos políticos para deixar o negócio mais importante e dar conotação de algum privilégio” deduz
Prefeito Elinaldo tinha como certo o projeto
Segundo o procurador da Incorplan, o processo começou no ano de 2015 para construção de um empreendimento habitacional próximo ao Capivara, no litoral de Camaçari.
“Durou aproximadamente 2 anos as minhas visitas a Sedur até sair a Análise de Orientação Previa (AOP), não foi nada no ‘apagar das luzes’, ‘do fogo’, foi tudo depois de muita trabalho” destaca.
Precisava então do Alvará e da Licença Ambiental. Ao caminhar por várias vezes, sem que tivesse qualquer atendimento na Sedur, Poli decide procurar o prefeito, sendo recebido em junho de 2017.
“Nesta primeira conversa falei da implantação do loteamento, com um investimento da ordem de R$ 16 milhões. E em contrapartida a empresa estaria construindo uma ponte para beneficiar todo o pessoal que mora atrás do Capivara [região próximo a Arembepe], e faz a travessia com uma única canoinha. Ele [o prefeito] gostou muito do projeto, gostou mais ainda da ideia de fazer a ponte para resolver aquele problema, de transpor toda aquela comunidade”, destaca.
Depois da visita, Poli conta que foi encaminhado à Secretaria de Desenvolvimento Urbano, e que por muito insistir teve um encontro com a secretária, Juliana Paes. “Foi nesta primeira visita que tive os contatos dela” [fazendo referência aos integrantes do esquema de propina].
Em um segundo encontro, o representante da empresa disse que diante da negativa, sempre ‘de boca’, nunca oficialmente, mesmo sendo protocolados vários requerimentos pela empresa, ele foi procurar na mesma hora o prefeito e que ela [Juliana] o seguiu. “Na frente dele [Prefeito Elinaldo], a secretária ameaçou: – não adianta vim aqui, porque não vai fazer, quem manda nisso sou eu. Não vai fazer o empreendimento e pronto”.
O fato é que o prefeito Elinaldo já tinha dado como certo o projeto da Incorplan, tanto que na época, fez uma postagem nas redes sociais, anunciando a chegada do empreendimento para Camaçari.
“Me reuni ontem com responsáveis pela empresa INCORPLAM. A empresa de empreendimentos imobiliários vai construir o Condomínio Fazenda Real, que será localizado em Coqueiro de Abrantes. A previsão de construção é para setembro e vai gerar mais de 400 empregos diretos, além de centenas de empregos indiretos. Fizemos um acordo e todas as vagas terão de ser preenchidas por moradores da cidade. Geração de empregos para os camaçarienses”, escreveu o prefeito na postagem.
O representante acredita que o projeto até agora foi frustrado, porque a empresa não aceitou o esquema de propina imposto pela Sedur.
“A empresa é idônea, tem pessoas sérias em sua diretoria. Ganha-se dinheiro com muito trabalho. Jamais vai oferecer propina. Espero que o nosso projeto seja aprovado dentro da lei”, almeja Poli.
Além da INCORPLAN, outras empresas foram ao MP para denunciar situações iguais ou parecidas, e de acordo com a Promotoria de Justiça, novos casos já estão sendo investigados.
Por Carluze Barper/Jornalista