A Câmara de Camaçari realizou, na manhã desta segunda-feira (04/03), Sessão Especial sobre o Dia Mundial das Políticas de Combate à Obesidade. Entre os palestrantes, a unanimidade girou em torno da necessidade de tratamento multidisciplinar e da urgência no desenvolvimento de políticas públicas consolidadas para oferecer esse tratamento à população como forma de salvar vidas.
O proponente da sessão, vereador Vaninho da rádio (União), ressaltou que a sessão foi um momento importante para debater caminhos e estratégias para criar mecanismos de combate a uma doença tão delicada. “Sabemos que, às vezes, a segregação começa dentro de casa, como por exemplo, os obesos que acabam ficando confinados em espaços pequenos, demandando tratamentos específicos que muitas vezes não estão ao alcance dos familiares. Quando essas pessoas com obesidade não participam das atividades coletivas da casa, acabam não sendo inseridas nos diálogos e momentos em família. Tudo isso é muito doloroso para a pessoa e para todos ao redor”, afirmou.
Um dos palestrantes, o endocrinologista e diretor médico do Hospital da Obesidade, Sérgio de Queiroz Braga, destacou a importância da participação na sessão das pessoas que cuidam dos pacientes com obesidade. “Temos visto que há o aumento da preocupação e da aproximação dos entes políticos com esta causa que é combater essa doença que é um problema de saúde pública alarmante. Existe uma previsão recente de que cerca de 50% das nossas crianças e adolescentes estejam obesas até 2035. Mas nós podemos mudar esse cenário. E estamos aqui juntos para alertar e ajudar a evitar esse futuro”, afirmou.
A também endocrinologista e médica do Hospital da Obesidade, Dandara Almeida Reis da Silva, falou sobre aspectos que contribuem para o desenvolvimento da doença e dados sobre a obesidade na população brasileira. “Dados oficiais mostram que 22,4% da população adulta brasileira tem obesidade e o impacto da obesidade na saúde pública do Brasil é de cerca de R$ 1,5 bilhão. A pandemia foi um fator que colaborou para que o Brasil não conseguisse estabilizar esse cenário, apresentando aumento desses números em relação a 2019. O tratamento da obesidade é complexo, porque deve ser feito de maneira multidisciplinar, mas muitas vezes não é feito da maneira necessária. Mas, a rede pública tem conseguido oferecer caminhos que auxiliam esses pacientes a alcançarem bons resultados”, sinalizou.
Para trazer a contribuição do ponto de vista de quem tem a doença, esteve presente na sessão o cantor da Banda Pagodart e atualmente paciente do Hospital da Obesidade, Luciano Babu. Atualmente com 203 Kg, o artista já chegou a pesar 300Kg. “Eu sofro com essa doença que mata silenciosamente, que oprime, que faz com que a sociedade nos discrimine. Eu sou conhecido na música baiana e tenho 6 anos que não subo em um trio elétrico porque não há adaptação para quem é obeso. Até meados de 2023, eu estava dentro da minha casa, com peso muito grande. Passei por vários tratamentos e posso dizer que fui agraciado pelo SUS, que me oportunizou a realização dessas tentativas. Infelizmente, esses tratamentos não funcionaram como eu esperava”, afirmou.
A falta de sucesso nos tratamentos, para Babu, vem da falta de desenvolvimento de cuidado integral com o paciente. “Eu cheguei ao peso que estou hoje graças a essa instituição chamada Hospital da Obesidade e toda sua equipe, que se preocupam, de verdade, com o paciente de forma integral. O problema da obesidade está na cabeça, no mental. Não adianta fazer cirurgia no estômago e não tratar a mente, que é de onde saem os gatilhos que fazem a gente desenvolver a compulsão por comida. É preciso estudar a obesidade de forma integral, como doença de multifatores, de maneira hum…