O diálogo e o acolhimento como instrumentos de combate à depressão e ao suicídio. Esse foi o destaque da Audiência Pública realizada pela Câmara de Camaçari, na manhã desta quarta-feira (13/09), que reuniu especialistas e comunidade para debater caminhos de combate à depressão. A atividade foi proposta pela Comissão de Saúde.
A audiência foi conduzida pelo presidente da Comissão de Saúde, Dedel Reis (Republicanos), que destacou o momento como uma forma de ajudar a fortalecer as políticas de saúde mental. “Aqui ouvimos muitas falas importantes, emocionantes e fortes. Precisamos seguir atentos a tudo que seja possível fazer para acolher, com carinho, com abraço, com empatia todos que estiverem necessitando de uma palavra de afeto, de compreensão”, declarou.
Um dos palestrantes foi o médico Marcio Roberto Rocha Santana. Ele citou dados que mostram que 14,9% dos baianos apresentam sintomas de ansiedade e que, entre 2022 e 2023, a Bahia registrou 790 mortes por suicídio. Para combater essas situações, ele ressaltou a importância do acolhimento da dor. “Estamos sempre tentando fugir da dor. Precisamos aprender a acolher a dor, ensinar desde crianças a como lidar com a dor. Cada emoção pode ter vários sentimentos e isso precisa ser acolhido e gerenciado de forma a não permitir que a emoção comande as nossas atitudes. Desde que o mundo é mundo, a adaptação é mais importante que a força. Vamos valorizar o que temos e não o que não temos”, afirmou.
Comunicação Não Violenta (CNV) também esteve entre os temas abordados. A secretária executiva do Conselho PPP’s e Concessões de Camaçari, Regina Estevam, explicou que CNV é um sistema de linguagem criado por Marshall Rosenberg, que significa se comunicar criando conexão. “Isso significa se comunicar estando conectado com a nossa verdade, com o que faz sentido para nós. É falar o que sentimos, é dialogar e informar sobre nossas necessidades. Muitos pensam que comunicação não violenta é aceitar tudo e não é isso. É expressar a necessidade que está por trás do sentimento. Isso cria conexão e empatia”, explicou.
Isabelli Cristina dos Santos, adolescente que que faz acompanhamento no CAPSi, utilizou a tribuna e emocionou a todos com seu depoimento pessoal reforçando que o acolhimento é um dos caminhos mais importantes para combater a ansiedade e depressão. “Eu consegui ter o apoio da minha família, que começou a entender a minha situação, e ser acompanhada no CAPs desde janeiro deste ano foi muito importante para que eu pudesse enfrentar os meus momentos difíceis e ruins. Só tenho que agradecer a tudo que tem me sido oferecido pelos profissionais de lá, no sentido de ajudar a me fortalecer. E essa ajuda pode chegar através de qualquer pessoa também. O importante é que a gente possa se conectar com as pessoas, compreender seus medos, suas necessidades”, declarou.
A assistente social que atua na coordenação de Saúde Mental do município, Márcia Cosme, destacou que também é preciso reforçar a construção de políticas públicas que efetivamente resolvam questões como violência, fome e outros, que são situações que estão diretamente ligadas também a cenários de ansiedade, depressão, suicídios e outros.
O secretário Elias Natan falou sobre as unidades de atendimento à saúde mental que compõem a rede de atendimento municipal, sobre convênios e cursos que estão em andamento para aperfeiçoamento das equipes, dentre outras questões relacionadas à qualificação da rede municipal. “Com a pandemia, essas situações se agravaram e hoje vivemos um reflexo disso, com uma grande demanda nessa área. Esse mês em especial, estamos reforçando as ações para promover esse acolhimento de maneira proativa, oferecendo total apoio às pessoas que estão em situações delicadas, ouvindo, acolhendo e fazendo o que é dever do poder público”, concluiu.