A saída de Fernando Azevedo e Silva do Ministério da Defesa pegou muita gente de surpresa. Essa dança das cadeiras indica que o presidente da República quer um ministro mais alinhado ao seu governo e não apenas com as Forças Armadas.
Teria sido isso o que custou o cargo de Azevedo e Silva. Ele sempre procurou adotar uma postura de neutralidade dos militares em relação à gestão do presidente. Não por acaso, sua nota de despedida diz que ele preservou as “Forças Armadas como uma instituição de estado”.
Segundo relatos de bastidores, Bolsonaro queria que o agora ex-ministro fizesse declarações em apoio ao governo, o que poderia ser visto como um envolvimento direto das Forças Armadas com a política de governo. Isso teria desagradado o presidente.
Além disso, teve a questão da Covid-19. O exército nunca endossou a defesa do “tratamento precoce” e defendia o isolamento social como a medida mais eficaz contra a doença.
Por outro lado, há o temor entre os militares de que o novo ministro seja menos institucional e mais político, o que desagrada parte das Forças Armadas.
Diante de tamanha crise, nos bastidores, políticos não pararam de repercutir sobre o caso. Na Bahia um deles a se manifestar foi ACM Neto. Nas suas redes socais o presidente nacional do Democratas fez críticas duras e declarou: “As recentes mudanças no Ministério da Defesa e nos comandos das três Forças inquietam o país. Precisamos do máximo de responsabilidade de todas as autoridades públicas. A Democracia é um valor inegociável”. O político baiano acrescentou ainda que é “essencial para a Democracia que as Forças Armadas atuem sempre com independência”.
Em Camaçari, o vereador e presidente da Câmara Junior Borges também falou sobre o assunto narrando sua preocupação e tristeza temendo repetir uma história sombria de 57 anos atrás. E nas redes socais desabafou:
“Sempre fui um defensor da democracia, da garantia dos direitos fundamentais e do cumprimento à Constituição Federal. Entendo que esse é o único caminho para alcançarmos um Brasil mais justo com seus filhos, mais igualitário e próspero em todos os aspectos. Mas não foi sempre assim. Houve um período sombrio e triste para muitos brasileiros que perderam seus familiares em um regime militar duro, opressor e impiedoso. Lamentavelmente esse episódio está registrado em nossos livros de História do Brasil, deixando uma mancha que nenhuma borracha será capaz de apagar. Sigamos em frente, pensando em um futuro democrático, com oportunidades, respeito ao ser humano acima de tudo, independente de suas ideologias e convicções. Assim deve ser uma democracia, assim devemos viver em sociedade. Hoje completa 57 anos do período mais triste que o nosso país viveu. Não há motivos para comemorar, mas sim para refletir”.