NOSSA CULTURA: A trajetória de vida das Lavadeiras da Fonte de Abrantes é tema de live

O objetivo é compartilhar histórias de força e superação de mulheres que integram o grupo Lavadeiras da Fonte de Abrantes, a Associação Cultural e Inclusão Social (Acis) promove nesta quinta-feira (25/3), às 19h, a live “Orquídeas da Fonte”, no Canal Patuá.

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Com o objetivo de compartilhar histórias de força e superação de mulheres que integram o grupo Lavadeiras da Fonte de Abrantes, a Associação Cultural e Inclusão Social (Acis) promove nesta quinta-feira (25/3), às 19h, a live “Orquídeas da Fonte”, no Canal Patuá. Marcando o mês da luta internacional das mulheres por seus direitos, o encontro vai reunir Tatiana Oliveira, integrante do grupo Lavadeiras, e Olívia Roberta, sambadeira e capoeirista, representante da Associação dos Sambadores e Sambadeiras do Estado da Bahia (Asseba). A mediação será feita por Kátia Santos, representante da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres (SPM).

Tatiana Oliveira, a porta-voz do grupo Lavadeiras na live desta quinta, construiu sua casa completamente com a água da fonte. “Eu levantava cedo e antes de ir para o trabalho já deixava as vasilhas todas cheias para o meu marido poder ficar trabalhando na obra”, relatou. Segundo Tatiana, nativos mais antigos relatam que o local já abasteceu toda a Vila de Abrantes. “A água era carregada para as casas em carroça, cavalo, jegue. As mulheres iam com balde, panelas e cozinhavam lá mesmo, cantavam durante o trabalho e era bom demais”, reconheceu.

Marcos Assunção, presidente do conselho executivo da Acis, destaca que a Fonte do Buraquinho, ou Fonte das Lavadeiras, se constitui num ponto de resistência para as mulheres do local. “Elas construíram Vila de Abrantes a partir da relação com essa fonte. Era dali que elas levantavam suas casas, lavavam de ganho e sustentavam suas famílias”, explicou.

Lúcia Silva, membro do grupo Lavadeiras da Fonte e líder do Coletivo de Mulheres de Abrantes, explicou que o nome da live foi uma forma de homenagear as lavadeiras já falecidas e que construíram o legado da história local. “Da mesma forma como há muitas orquídeas aqui nas dunas, foram muitas as mulheres que fizeram parte de nossa comunidade. Essa foi a forma que encontramos para homenagear cada uma delas”, declarou.

Com o desenvolvimento, em particular com a chegada da água encanada, as moradoras do local não vivem mais estritamente da fonte, em seu sentido material. Hoje ela é mais um símbolo do lugar, uma referência que as estimulam a seguir os passos de suas mães, avós, bisavós que sustentaram famílias inteiras a partir dali.

Para Lúcia, a live se constitui numa oportunidade de amadurecimento e crescimento coletivo.  “Acho ótimo o aprendizado, o conhecimento, e é muito importante para a comunidade entender um pouco o que a Acis vem fazendo”, destacou. Segundo o executivo da Acis, Marcos Assunção, a função da associação é a de “atuar em questões relacionadas à preservação do meio ambiente, mesclando a pauta racial na defesa dos direitos civis e sociais em comunidades negras periféricas e tradicionais”.

Hoje as herdeiras das lavadeiras saudosas desempenham atividades econômicas variadas, como a de baiana de acarajé, de produtoras de artesanato, na fabricação de licores, dentre outras, que em função da pandemia tiveram suas atividades prejudicadas. “Mesmo os nossos ensaios nós tivemos que suspender porque há muitas idosas no grupo”, relatou Lúcia Silva, que além de líder do coletivo de mulheres, também é sambadeira dentro do grupo Lavadeiras da Fonte de Abrantes.

Lúcia colocou ainda que mesmo diante dessa realidade, ou talvez até em função dela, a fonte é muito importante para aquela comunidade, em particular para as mulheres. “É uma escola, é uma farmácia, é um salão de beleza – é tudo! Tem folhas que são boas para o cabelo, então é salão; é um supermercado porque ali tem frutas, tem peixe, então é mercado! Sem falar que vamos contemplar uma natureza maravilhosa, e ainda é um relaxante. Para mim, ali é tudo!”

PMC.

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