O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), articular em favor da sua esposa, Aline Peixoto, para uma vaga de conselheira no Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia. O órgão tem como função analisar as contas dos prefeitos dos municípios baianos.
Caso seja indicada para uma cadeira no Tribunal de Contas, Aline Peixoto terá um salário mensal de R$ 41,8 mil e poderá permanecer no cargo até a aposentadoria compulsória aos 75 anos.
Aline Peixoto é enfermeira, nunca disputou cargos eletivos e nos últimos oito anos atuou nas Voluntárias Sociais, entidade sem fins lucrativos tradicionalmente liderada pela primeira-dama do estado. A vaga para o tribunal está aberta desde maio de 2022, quando o conselheiro Raimundo Moreira se aposentou. Desde então, a Assembleia vem adiando a indicação de um novo nome. Para ocupar o cargo é preciso ter “reconhecida idoneidade moral e conhecimentos de administração pública”.
De acordo com o Jonal Folha de São Paulo, a articulação em torno de Aline Peixoto ganhou força nesta semana após o deputado estadual Alex Lima (PSB), aliado próximo a Rui Costa, desistir de concorrer a vaga para apoiar a ex-primeira-dama. Procurada, ela preferiu não se manifestar sobre a disputa.A desistência acontece seis dias depois de o deputado estadual se encontrar com Rui Costa em Brasília.
Na última terça-feira (24), Lima foi para a capital federal, onde tomou café da manhã na casa do ministro e se reuniu com ele no Palácio do Planalto.Procurado pela Folha, Alex Lima disse que declinou de sua candidatura ao perceber um “movimento silencioso” dos deputados estaduais em prol da indicação da ex-primeira-dama para o Tribunal de Contas.Disse que não tratou da candidatura de Aline Peixoto com Rui Costa e afirmou não ver qualquer tipo de conflito na indicação da ex-primeira-dama: “Ela não pode ser penalizada por ser esposa do ministro”.
Líder da maioria da Assembleia baiana, o deputado estadual petista Rosemberg Pinto diz que ainda não há discussão sobre a vaga para o Tribunal de Contas. A Folha apurou, contudo, que a postulação da ex-primeira-dama causou constrangimento entre aliados e enfrenta resistências até mesmo em parte da bancada do PT.
O ministro, contudo, formou uma rede de aliados e pretende levar a disputa na Assembleia até o fim. Nos bastidores, há a busca de uma solução de consenso: a eleição de um deputado estadual para a vaga atual, com a promessa de indicação de Aline Peixoto para a próxima vaga.
Outros dois nomes pleiteiam o cargo de conselheiro. Na base aliada, o deputado estadual Fabrício Falcão (PC do B) anunciou a intenção de concorrer à vaga e diz que sua candidatura é inegociável. Também se movimenta o deputado federal Marcelo Nilo (Republicanos), que foi presidente da Assembleia de 2007 a 2016, virou deputado federal em 2019 e não se reelegeu em 2022.Marcelo Nilo era aliado de Rui Costa, mas rompeu com o então governador no ano passado para apoiar ACM Neto (União Brasil).
Agora, quer concorrer ao cargo de conselheiro com o apoio da base e oposição: “Se sentir que tenho chances, disputarei”, afirma.Líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, o deputado estadual Alan Sanches (União Brasil) critica a possível escolha da Aline Peixoto para o cargo.”Não tenho absolutamente nada contra a ex-primeira-dama. Mas, se ela realmente for candidata, cai por terra o discurso do PT de valorizar os quadros que têm uma militância no partido ou base aliada.”