A sessão especial em homenagem ao Dia internacional da Pessoa Afrodescendente foi realizada nesta terça-feira, 30 de agosto na Câmara Municipal de Camaçari. O evento contou com as presenças de pessoas vindas de vários bairros da cidade, representantes do governo municipal no âmbito social, cultural, turismo e urbano, além de outras autoridades jurídicas e comunitárias.
O ato é comemorado no dia 31 de agosto e foi instituído pelas Nações Unidas no ano de 2020 para promover o respeito e contribuir para eliminar todas as formas discriminatórias a pessoa afrodescendente. A sessão realizada na Casa Legislativa foi a primeira com referência a data tendo indicação da vereadora professora Angélica.
Na oportunidade a parlamentar lamentou ausência dos pares, mas seguiu o evento com o apoio da população e autoridades presentes. A vereadora falou de preconceito, da luta que trava até hoje por ser mulher, negra e que por isso, não poderia deixar esta data passar em branco.
“Hoje eu sou a voz deste povo! Esta é uma data marcante, que não fiquemos só no hoje. Vim do interior, carregava lenha, carregava água, trabalhei de empregada doméstica, de limpeza, mas digo que nós negros temos nosso espaços. Somos inteligentes, não é a cor da pele e o poder aquisitivo que vai mudar quem nós somos”, enfatizou.
MOÇÃO DE APLAUSOS
Num clima de muita emoção, o mestre Carlos Douglas do Som do Timbal recebeu Moção de Aplausos pelos trabalhos realizados há 10 anos de inclusão social com crianças e adolescentes no município por meio do seu projeto percussivo.
“É muita emoção. Precisamos dar moções às pessoas que vestem a camisa, que estão na comunidade que transformam vidas. Hoje estou na política para fazer isso acontecer. E homenagear Douglas é falar tudo isso, pois através dele, a gente consegue ajudar muitas vidas no município. Não entendo porque ele que tira tantos jovens das drogas ainda fica capacitando esses jovens numa rua, então esta Casa precisa se levantar para ajudar, os políticos precisam promover políticas públicas para essas pessoas que vestem a camisa do nosso povo, que vem da favela como eu vim. Então Carlos Douglas este aqui é o início do seu caminhar”, destacou a vereadora.
Com emoção, ao lado de seus familiares, Douglas do Som do Timbal agradeceu o reconhecimento e narrou sua história pelo amor a percussão ainda quando criança e sua dedicação pelas causas sociais no município.
“Pedi a minha mãe como presente de aniversário que me matriculasse na antiga Banda Mirim da Casa da Criança. Ali nasceu a paixão pelo timbal, estudei, me capacitei e senti a vontade de ajudar outras crianças e jovens que não tinham oportunidade. Nasceu o projeto que me dedico sem bucar nada em troca, apenas para deixar o legado. Obrigado vereadora professora Angélica pelo reconhecimento. Obrigado a minha família, e ao meu padrinho Luciel Neto por ter acreditado em nosso sonho! Como a senhora mesmo disse, aqui é apenas o início de um novo caminhar” reforçou.
Na plateia, entre os pais que foram prestigiar a homenagem ao mestre percussionista, estava a massoterapeuta Suelandi Farias. Para o Camaçari Alerta falou do quanto o projeto Som do Timbal fez diferença em suas vidas.
“O Som do Timbal tem um trabalho muito bom, o qual ele me ajudou muito há um tempo atrás, aonde meu filho estava perdido e ali no meio da marginalidade, ele foi lá e abraçou. Hoje meu filho é um pai de família, um menino conceituado, teve um resgate! A importância de se importar com o outro, o Som do Timbal tem esse trabalho de socializar”, reconheceu.
A IMPORTANCIA DA DATA
Abrindo as palestras, a Conselheira Tutelar Valdineia Mota falou sobre a violência contra mulher negra, do racismo e da importância de formar a cidadão consciente desta luta.
“Não podemos mais aceitar que nossos filhos sejam violadores dos direitos. Podemos sim, olhar como está sendo a nossa educação. E toda palavra tem um preço”, enfatizou.
A representante do Refavela Janete Santos destacou a importância da mulher negra no poder e que o Dia Internacional da Pessoa Afrodescendente é mais um lugar de fala, e sobretudo para fortalecer esta representatividade.
“Precisamos de mulheres no poder. Mais que mulheres são essas? Onde estão as mulheres negras? Qual a oportunidade que nos dão para que isso aconteça? Qual a porta que é aberta para a gente passar? Esta data é significativa, pois fortalece nosso lugar de falar. Nossa representatividade”, ressaltou.
Sobre o igualdade racial segundo os livros bíblicos, o pastor e advogado Gilberto Cruz destacou o amor, a completude de Deus que não faz acepção de pessoas. “Deus criou o homem. Raça é uma construção social. Não tem dentro da bíblia. Deus não faz acepção de pessoas”, esclareceu.
O evento foi encerrado com apresentação de capoeira e entrega de placas em homenagens aos participantes. Estiveram presentes a secretaria de Desenvolvimento Econômico, Reni Oliveira, a Secretaria de Turismo, Cristiane Bacelar, Subsecretario da Cultura, Luciel Neto, a coordenadora do Programa Prefeito Amigo da Criança, Janete Ferreira entre outras autoridades.
Carluze Barper /Jornalista
Imagens: Mateus Ferreira
